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A influência de edificações históricas nos valores do aluguel de seu entorno

Em nossa última coluna, discutimos como seria possível mensurar o impacto da preservação de edificações históricas na valorização de seus arredores. Agora, trazemos os resultados obtidos quando colocamos em prática um indicador sobre o tema, cujo método de cálculo é explicado com detalhes na página de indicadores do Instituto Cidades Responsivas. Resumidamente, o indicador – cujos resultados são apresentados na figura abaixo – representa a diferença média entre os valores de aluguel comparando um imóvel localizado junto a uma edificação tombada e outro situado a 500 metros de distância.


Dentre os indicadores que já divulgamos, neste os valores parecem ser os mais influenciados por especificidades de cada cidade, com os resultados possivelmente servindo mais para apontar quais cidades merecem uma análise aprofundada. Ilustramos esse aspecto a seguir descrevendo os casos de três cidades específicas: aquelas de maior e menor valores e a cidade com resultado mais próximo a zero. Nessa comparação, encontramos dinâmicas bastante distintas envolvendo as edificações históricas e a valorização de seus arredores em cada cidade.


Em São Luís, maior valor do indicador, se observou que o Centro Histórico local, devido à sua atratividade turística e ao fato das atividades comerciais se beneficiarem dos fluxos proporcionados por ela, contribui significativamente para valorizar o aluguel dos imóveis comerciais de suas imediações (em Porto Alegre, ocorre um fenômeno parecido em torno de suas edificações históricas, mas com maior valorização das residências). 


Já em São Paulo, que teve o indicador próximo ao zero, as edificações históricas do centro da cidade não produzem o mesmo efeito, possivelmente devido à existência de múltiplos centros urbanos na capital paulista, os quais são até mais valorizados do que a região mais antiga da cidade, especialmente para o uso residencial.


Por fim, a diminuição dos preços na proximidade de edificações históricas observada em Natal parece ser explicada pela influência de outros fatores: a posição específica dos prédios tombados faz com que pareça que os preços aumentam conforme o afastamento a elas; mas, na realidade, esse aumento ocorre porque, ao se aumentar a distância às edificações históricas, também ocorre a aproximação às faixas de praia, área na qual os imóveis tendem a ser alguns dos mais valorizados. Tal distorção, que é difícil de ser isolada nos cálculos, acaba tendo maior influência para a capital potiguar devido ao reduzido conjunto de bens tombados da cidade.


Visto que foram encontradas mais cidades com variações positivas de preços do que negativas, pode-se aferir que a valorização do entorno por conta da preservação de edificações históricas não parece ser algo raro, constituindo um fenômeno até certo ponto recorrente nas cidades. 


Todavia, em todas as capitais analisadas, foram encontradas quantidades similares de exemplares que valorizam seus arredores e os que não o fazem, com algumas localidades até mesmo apresentando média geral negativa. Isso indica uma alta variabilidade dessa dinâmica, mostrando que ela é bastante dependente dos atributos do bem tombado e de seu contexto. Tendo em vista essa diversidade de resultados encontrados, esperamos futuramente complementar o estudo com observações mais detalhadas, considerando a escala intramunicipal e tentando compreender melhor as dinâmicas de variações de preço que ocorrem em cada parte das cidades.


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